sábado, 27 de novembro de 2010

Defina o melhor horário para correr


A resposta depende do seu metabolismo e da sua agenda de compromissos


Seus amigos dizem que o melhor horário é pela manhã. O pessoal do trabalho prefere correr depois do expediente. E você, que nunca calçou um tênis na vida, fica com vergonha de dizer que adoraria pular da cama e dar um pique. Bobagem.

O melhor horário do dia para treinar é aquele que se encaixa na sua rotina. É sabido que, pela manhã, o ar das grandes cidades está em seu momento mais agradável. A temperatura e a umidade do ar também estão mais amenas. Mas o nosso metabolismo, claro, não atingiu o ápice do rendimento diário.

Correndo à tarde, o organismo responde melhor à sobrecarga de treino daí a evolução mais rápida. Mas as condições ambientais já não favorecem tanto. O esporte noturno, por sua vez, é perfeito para quem tem a agenda lotada de compromissos desde cedo.

Independentemente do horário, o que vale é se exercitar. E nunca deixe de se alimentar e cuidar da hidratação. E, se for treinar durante o dia, prefira locais arborizados, que são menos suscetíveis às variações de clima (principalmente no calor).

Manhã
Vantagens
1. O treino sempre está encaixado na agenda. Mesmo que surjam compromissos de surpresa, você já correu;
2. Dá mais disposição para as tarefas do dia;
3. A temperatura e a umidade são mais amenas, pois o sol ainda não está tão forte;
4. Para quem quer competir, vale como adaptação. A maioria das competições é feita pela manhã.

Desvantagens
1. É preciso se acostumar a comer pela manhã (mas lembrando que o desjejum mais reforçado pode vir depois do treino). Isso é um problema para quem nunca teve o hábito de comer bem logo ao despertar;
2. A disposição tem de ser mais forte do que a preguiça, mesmo nos dias em que não foi possível dormir o suficiente. O ideal é criar uma regra: véspera e treino é dia de deitar cedo.

Tarde
Vantagens
1. O metabolismo está próximo do pico de rendimento;
2. O atleta já está mais alimentado, tendo feito pelo menos três refeições. Isso garante a reserva de glicogênio muscular necessária para um bom rendimento.

Desvantagens
1. A exposição ao sol e à temperatura alta, além da umidade baixa
2. Treinar só nesse período pode dificultar a aclimatação em dia de provas, que geralmente são realizadas de manhã

Noite
Vantagens
1. A temperatura é mais amena neste período;
2. Ajuda a relaxar quem é agitado demais, proporcionando uma boa noite de sono.

Desvantagens
1. Qualidade do ar pior, com mais concentração de gás carbônico na atmosfera;
2. Treinar só nesse período pode dificultar a aclimatação em dia de provas, que geralmente são realizadas de manhã;
3. O estresse das atividades diárias pode afetar o rendimento na corrida;
4. Com a evolução do treino, a qualidade do sono pode sai prejudicada em função das descargas adrenergéticas provocadas pelo esforço;
5. Maior risco de acidentes, pela baixa iluminação. Fique atento aos terrenos irregulares com possíveis desníveis e buracos

Exercícios físicos fazem cérebro ficar mais sensível à saciedade


Exercícios físicos – com um bom acompanhamento e uma rotina adequada – fazem bem para a saúde, e isso é incontestável. Um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, aponta mais um benefício: além de ajudar a queimar as calorias, os exercícios físicos também aumentam a sensibilidade dos neurônios envolvidos no controle da saciedade, o que contribui para a redução do consumo alimentar e, consequentemente, para a perda de peso.

A pesquisa, publicada no periódico PLoS Biology, é mais um fator para que pessoas com problema com o próprio peso, ou que estejam desenvolvendo obesidade, se engajem em uma rotina fixa de exercícios. De acordo com os pesquisadores, liderados por José Barreto Carvalheira, a obesidade é um fenômeno epidemiológico preocupante. Mudanças nos hábitos alimentares e um estilo de vida sedentário são pontos cruciais para o desenvolvimento da condição. Como se sabe, o consumo excessivo de gordura e comidas altamente calóricas (como aquelas com muito açúcar) pode modificar a sensibilidade do cérebro – especialmente na região chamada de hipotálamo – para o controle da saciedade. Essa “falha de comunicação” leva ao consumo quase incontrolável de alimentos e como consequência da ingestão calórica excessiva, somada ao fato de não se gastar toda essa energia, há aumento do peso, o que pode levar à obesidade.

O estudo de Carvalheira – financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) – demonstrou que a prática de exercícios em modelos animais que haviam desenvolvido obesidade restaurou a sensibilidade à saciedade nos neurônios do hipotálamo. Esses animais passaram a consumir menos comida e, paralelamente, começaram a perder peso.

“Nos animais obesos, os exercícios aumentaram os níveis de proteínas produzidas no hipotálamo (as chamadas IL-6 e IL-10). Essas moléculas são cruciais para o aumento da sensibilidade dos neurônios a hormônios como a insulina e a leptina, que controlam o apetite”, explica Carvalheira. Assim, além do gasto calórico produzido pelas rotinas de exercício, a diminuição da fome se deu pelo melhor funcionamento do cérebro, que passou a modular melhor os sinais de saciedade recebidos do estômago.

Até agora a atividade física era vista como um complemento ao tratamento da obesidade. Agora, ao entender melhor como esse tipo de atividade propicia benefícios diretos para a condição, o paradigma anterior pode ser reconsiderado pelos profissionais de saúde, que atendem os indivíduos que estão se recuperando da obesidade

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sobrepeso e obesidade são reflexos de hábitos alimentares aprendidos em casa


Um novo estudo feito pela Universidade de Alberta, no Canadá, aponta que esses fatores devem ser acompanhados já na infância

Entender os fatores que influenciam a tendência para desenvolver o sobrepeso e a obesidade é alvo de diversas pesquisas no mundo todo.

Sobrepeso e obesidade são reflexos de hábitos alimentares aprendidos em casaA pesquisa de Spence, publicada no periódico International Journal of Pediatric Obesity, acompanhou os hábitos alimentares de crianças entre 4 e 5 anos de idade e a relação desses hábitos com a variação do peso ao longo dos anos.

A equipe do pesquisador elegeu 1.730 crianças para o estudo – meninos e meninas em quantidades similares – e acompanhou esse grupo nos primeiros anos da idade escolar. Crianças e pais foram entrevistados sobre diversos assuntos, incluindo hábitos alimentares – como preferências por certos alimentos – e condições de saúde.

Os resultados da pesquisa, que durou dois anos, também focou nas respostas emocionais quanto à comida – como alimentação excessiva ligada a estresse –, satisfação com a alimentação, sensibilidade à saciedade, ritmo na hora de comer – se comiam muito rápido ou devagar – e nível de atividade após uma refeição.

“Não é surpreendente que os resultados apontaram que crianças que descontam suas frustrações comendo excessivamente quando nervosas ou entediadas, têm uma maior tendência a desenvolver o sobrepeso em contraste com aquelas que comiam mais devagar ou que não ficavam muito atentas ao horário das refeições (um comportamento de evitação). Mas a questão é: o que faz essas crianças criarem esse tipo de resposta aos alimentos?”, pontua Spence.

“Nosso modelo sugere que o comportamento copiado ou reforçado pelos pais – como ganhar um doce por uma boa ação – induz as crianças a certas relações emocionais com a comida. Da mesma forma, a evitação alimentar também é algo que vem do ambiente familiar”, continua.

É preciso identificar como esses ambientes e relações influenciam os hábitos alimentares das crianças, dizem os pesquisadores. Fatores como promoção – ou a falta – de atividades físicas, interação com alimentos de forma a compensar ou punir certos comportamentos, e outros hábitos familiares podem se refletir no desenvolvimento da obesidade.

“Será que há algo que possamos fazer para educar os pais?”, questiona Spence. “Se identificarmos e entendermos essas relações é possível criar programas de intervenção bastante efetivos.”

Os pesquisadores agora tentam ampliar o público observado e adicionar mais variáveis para serem observadas, além de tentar entender as interações entre os dados analisados. “Nas crianças que têm uma relação positiva com a comida – o que leva a um aumento do consumo alimentar – também observamos se há uma preferência pelas comidas ‘que são ruins para a saúde’ e qual o motivo dessas escolhas”, finaliza.